domingo, 5 de julho de 2009

PROCURA APRESENTAR-TE A DEUS, APROVADO.

Os discípulos também viviam sob a paranóia de ser o numero um. Não muito tempo antes de Cristo dar-lhes essa profunda lição, eles disputavam para ver quem seria o maior entre eles (Marcos 9:34.) Tiago e João, por intermédio da sua mãe, chegaram até a fazer um pedido ousado ao mestre: que um se assentasse à direita e o outro à esquerda quando ele estivesse em seu reino, que inicialmente pensavam se tratar de um reino político (Marcos 10:35-38). Com seu gesto chocante, o mestre penetrou nas entranhas dos seus seres e os vacinou com exima inteligência contra as raízes mais intimas da competição predatória. Ao descer ao nível dos pés dos seus seguidores, ele golpeou profundamente o orgulho e a arrogância de cada um deles.
Os pés são condutores da trajetória existencial. Cristo queria expressar que nessa sinuosa e turbulenta trajetória de vida os seres humanos deveriam lavar os pés uns dos outros, ou seja, deveriam cooperar, ser tolerantes, perdoar, suportar, cuidar, proteger e servir uns aos outros. São lições profundas e dificílimas de serem aprendidas.
Após lavar os pés dos discípulos, Cristo rompeu seu silêncio e começou a exteriorizar suas intenções. Não precisava falar muito, pois com seu gesto surpreendente já havia falado quase tudo.Fez criticas contundente ao superficialismo das relações sociais e políticas e declarou que, ao contrario do que pensavam, aquele que desejasse ser o maior entre eles teria de se fazer menor do que os outros, teria de aprender a servir (João 13: 1-17).
Se ele como mestre se despojava da sua posição e os servia, eles, que eram seus discípulos, deveriam fazer o mesmo uns aos outros.
A hierarquia proposta por Cristo era, na realidade, uma anti-hierarquia, uma apologia, à solidariedade, a metas coletivas, à cooperação e à integração social. O maior é aquele que mais serve, que mais honra, que mais se preocupa com os outros. Em qualquer ambiente social, o maior recebe mais honra, mais privilégios, mais atenção do que o menor. Todos focalizam as pessoas proeminentes. A estética vale mais do que o conteúdo.
O “espírito” intelectual de um grande político, de um empresário, de um artista famoso, de um chefe de departamento de uma universidade causa mais impacto do que os brilhantes pensamentos de uma pessoa em expressão social. Porém, as características da escola de Cristo são tão impares que chocam o mundo moderno. Chocam tanto o capitalismo como o socialismo. Qualquer pessoa – até mesmo os cientistas – que tentar estudar a inteligência de Cristo ficará intrigada e ao mesmo tempo encantada com os paradoxos que a cercam.
Como é possível alguém que teve uma simples profissão de carpinteiro, que precisava entalhar madeira para poder sobreviver, ser colocado como autor da existência, como arquiteto do universo! O registro de João diz que “tudo foi feito nele e para ele e sem ele nada do que foi feito se fez...”(João1:3).
Como pode alguém dizer que tem o segredo da eternidade e se humilhar a ponto de lavar os pés de simples pescadores Galileu que não tinham qualquer qualificação social ou intelectual? Como pode alguém que superava todo tipo de medo, que era tão corajoso e inteligente, ter se permitido passar pelo caos indescritível da cruz, pela lenta desidatração, pela dor e pela exaustão física e psicológica gerada por ela?
A história de Cristo é admirável.
Não devemos pensar que Cristo estava produzindo um grupo de pessoas frágeis e despersonalizadas. Pelo contrario, ele, por meio dos seus princípios inteligentes e incomuns, estava transformando aquele grupo de incultos Galileu na mais fina estirpe de lideres. Lideres que não tivessem a necessidade de que o mundo gravitasse em torno deles, que se vacinassem contra a competição predatória e contra as raízes do individualismo.
Lideres que tivessem mais prazer em servir do que em serem servidos, que aprendessem a se doar sem esperar a contrapartida do retorno, que estimulassem a inteligência uns dos outros e abrissem as janelas do espírito humano. Lideres que não fossem controlados pela ditadura do preconceito, que fossem abertos e inclusivos. Lideres que soubessem se esvaziar, que se colocassem como aprendizes diante da vida e que se prevenissem contra a alto-suficiência. Lideres que assumissem suas limitações, que enfrentassem seus medos, que encarassem seus problemas como um desafio. Lideres que fossem fiéis à sua consciência, que aprendessem a ser tolerantes e solidários. Lideres que fossem engenheiros de idéias, que soubessem trabalhar em equipe, que expandissem a arte de pensar e fossem coerentes. Lideres que trabalhassem com dignidade seus invernos e existências e destilassem a sabedoria do caos, que vissem suas dores e dificuldades como uma oportunidade de serem transformados interiormente. Lideres que, acima de tudo, se amassem mutuamente, que tivessem uma emoção saturada de prazer e vivessem a vida com grande significado existencial. As palavras são pobres para retratar a complexidade e a ousadia sem precedentes tanto da inteligência como do propósito transcendental de Cristo.
Os textos das suas biografias são claros: ele não queria melhorar ou reformar o ser humano, mas produzir um novo ser humano...
Não há uma equipe de recursos humanos, uma teoria educacional, uma teoria psicológica, uma escola de pensamento filosófico ou uma universidade que tenha a abrangência e a complexidade da escola da existência de Cristo. Ele tinha uma paixão indescritível pela espécie humana.

Jesus o maior educador da história.
AUTOR:Augusto Cury.

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